quinta-feira, fevereiro 15, 2007

A Era do Espelho

Todos os dias nos vemos ao espelho.
Não só quando nos levantamos de manhã, mas principalmente a partir do momento em que oramos ao deus Televisão. Esse deus omnipotente e omnisciente que assume várias caras, que fala em várias línguas, mas que no fundo é Ele, Aquele que está em toda a parte. É o espelho da nossa existência mesquinha e cada vez mais desprovida de qualquer essência, é a testemunha diária da nossa marcha exponencial caminho ao puro e simples suprimir da vontade individual, expoente máximo da massificação da estupidez global.
Um Deus tão poderoso como nunca houve outro, cujos discípulos trabalham arduamente para que a oração seja constante, com o intuito de alimentar a mente e o espírito inexistentes dos corpos inertes que se babam em puro êxtase após sessões intermináveis de oração. Televisão, esse Deus iluminado por tubos de raios catódicos e por estrelas de seis pontas, que diariamente nos ensina o caminho a seguir, rumo ao nada!

Mas existem outros espelhos, aqueles que reflectem a ausência de valores da nossa sociedade, ao mesmo tempo que mostram os seres vaidosos em relação à sua aparência física e psicológica que nos rodeiam, e aparência é de facto uma palavra chave hoje em dia, se antigamente nem tudo o que aparentava ser o era, actualmente tudo o que aparenta ser não o é.
Trabalha-se a aparência, e descuida-se o espírito e a mente. A intelectualidade aparente dos que aparentam ser intelectuais é bebida como tónico relaxante para os músculos bem definidos dos que aparentam ser emocionalmente estáveis, e os alegres ignorantes massajam a pele propositadamente desprovida de protuberâncias dos estupidamente alegres.

Comtemplem-se e verão!

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