quarta-feira, abril 11, 2007

Os grandes, médios e pequenos portugueses

Dizem o senso comum e as estatísticas comparativas que os portugueses não são grandes, pelo menos em altura. Mas também diz a cultura popular que o que importa não é o tamanho em si, mas o uso que lhe damos. Podemos, na minha opinião dizer que o português é baixo, mas que os Portugueses são grandes, enormes!

É por isso que não concordo que se possa eleger um grande português, é algo que não faz sentido, nem literalmente, nem metaforicamente. Portugal na sua verdadeira essência nunca foi nem nunca será um país de individualidades, é sim um país em que o todo vale muito mais do que a soma das partes. É assim no tamanho físico, no total de população, nos feitos atingidos e também na espiritualidade.

No entanto, como muitos outros, atravessa um longo deserto: de ideias, de feitos, de cultura, de confiança, enfim, de tudo! Vamos sendo guiados por camelos, de oásis multinacional em oásis multinacional, em que tudo o resto que nos rodeia são inertes e a merda que os próprios camelos fazem.

É nesse contexto que chegamos ao "programa de entretenimento" que foi "Os Grandes Portugueses" da RTP. E quer a nomeação dos finalistas, quer depois a votação final dizem muito sobre o que se passa actualmente neste país: desde a completa inércia à incoerência crónica.

A meu ver é difícil de entender como é que uma pessoa que colocou o país e a sua população, ou seja "os Portugueses", em perigo, em deterimento de interesses estrangeiros (legítimos ou não - não é isso que está em questão) pode ser nomeado como um dos dez "Grandes Portugueses", quanto mais terminar no pódio da votação final. Representa uma completa falta de auto-estima, e consciência nacional. No entanto, na minha opinião, este facto pode ser facilmente explicado pelo poder que os media, e aqueles que os financiam, têm sobre o cidadão comum, e a consciência nacional dúbia de outros portugueses-novos.

Preocupante também, é que as duas personalidades mais votadas representem precisamente a cisão absurda do espectro político nacional. A "esquerda" e a "direita" são como cidades rivais, cada uma albergue dos seus clubes de futebol, rivais entre si, mas ainda mais rivais entre cidades, e os seus numerosos adeptos fanáticos. Os que apoiam o clube da sua cidade, e os que não gostam da sua cidade e portanto apoiam o clube da cidade rival. No fundo ninguém sabe o que representa essa rivalidade, apenas que ela existe, e tem que ser alimentada. Hoje em dia os ideais políticos e não só, ou não existem, ou são apenas fachada. O objectivo do bem comum, que deveria juntar todos os portugueses, simplesmente não é concebível, devido aos interesses de alguns e à protecção de que esses interesses necessitam. Surge então o factor C, as trocas de favores, os mais ou menos iluminados, e lá no fundo a massa de adeptos fervorosos, cegos por promessas imediatas, que atrasam um pouco mais o descalabro completo, e que mesmo assim não são cumpridas. Não são as "esquerdas" nem as "direitas" nem os "centros" que vão melhorar Portugal. Essas divisões apenas servem os interesses superiores de quem as mantém, e individualmente dos que se alimentam delas. Apenas existe um Portugal, e todos lhe queremos (ou devíamos querer) bem, esse é o único e solitário objectivo de todo o Português, grande, médio ou pequeno. É a consciência de um bem superior, do objectivo primordial, que falta e se calhar sempre faltou aos Portugueses.

A prova da confusão que essas divisões causam na cabeça dos Portugueses é a vitória sem margem para dúvidas de António de Oliveira Salazar. Apesar de toda a propaganda partidocrática do pós 25 de Abril, e de todos os interesses iluminados ou pseudo-iluminados que renasceram com a queda do regime, ainda assim as pessoas votaram em Salazar. Não pelos seus aspectos negativos, causados em grande parte por terceiros ao regime, terceiros esses que sairam incólumes e que professam ainda hoje as suas ideias, não muito diferentes das de então, mas sem a manipulação do instrumento Estado, mas sim pelos seus aspectos positivos, que reconhecidamente também os houve. No entanto, apesar desse voto de desconfiança em relação à partidocracia vigente, e da votação esmagadora em alguém que perfilhava a ideologia Fascista, para usar a linguagem tão querida a alguns, esquecem-se que tal manifestação é proibida pela Constituição de todos (???) os portugueses. Não será essa uma razão para tremerem as fundações em que assenta essa mesma Constituição? Não será essa uma razão para que os Portugueses queiram melhor?

2 Comentários:

Às 12:10 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Interessante blog e parabéns pelas não menos interessantes reflexões.

 
Às 11:58 da manhã , Anonymous Anónimo disse...

Grato pela inclusão nos elos de ligação. Farei o mesmo com o seu blog.

Saudações Identitárias.

 

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