terça-feira, julho 19, 2005

As Nove Nobres Virtudes

Num mundo tão despojado de valores, em que os fanatismos religiosos, as guerras fraticidas e os mesquinhos confrontos por recursos, são o pão nosso de cada dia, em que a matéria se sobrepõe ao Espírito, e em que a mentira adornada se sobrepõe à Justiça e à Razão, é difícil encontrar uma solução que não seja a inevitável destruição da humanidade às suas próprias mãos, a evolução humana tende exponencialmente para a extinção. Não lhe chamo uma regressão, é de facto uma evolução, pois vivemos num universo de ciclos, tudo funciona por ciclos, e o ser humano é apenas mais um mau actor numa fraca adaptação de uma história já antes vista, em que o realizador lava daí as suas mãos, ao esconder-se no anonimato.

Devemos então esperar sentados em frente à caixa mágica, que por entre mais mentiras adornadas com gravatas coloridas, nos vai transmitindo a ideia de que algo vai mal, pelo menos até ao início do programa de entretenimento seguinte, povoado de deficiências hormonais e miscigenação forçada, ou devemos apelar à nossa consciência, à nossa racionalidade e à nossa intuição, que nos mostre outro caminho, que não é necessariamente fácil de percorrer, mas que é diferente daquele que nos encaminha alegremente para o abismo?

Eu optei por procurar algo mais, por voltar para trás, e encontrar a encruzilhada em que tomamos o caminho errado. É por isso que vou falar da crença Nórdica, ou Paganismo Nórdico, ou Mitologia Nórdica, como entenderem, não é a designação que importa, mas sim o conteúdo, e a lição que pretendo transmitir a todos os que pacientemente lerem este texto até ao final.

Não pretendo afirmar que a crença Nórdica é perfeita, e ideal para todos, apenas quero realçar algo que julgo ser cada vez mais importante nos dias de hoje. Começo por referir que a crença Nórdica pura, tal como era seguida pelos antigos, não existe, pois foi destruída em grande parte pela luxúria e inveja de Roma e da sua religião dos pecados mortais. Porém não se consegue apagar totalmente das tradições e da mente das gerações de um povo que acreditava veemente na sua cultura e na sua herança milenar, o essencial e mais importante das suas crenças, e por isso resurgem aos poucos as crenças neo-Pagãs, como Ásatrú (lealdade aos Deuses), que é possívelmente a que mais próximo está da antiga crença Nórdica dos seus antepassados.

Nessa crença Nórdica, os Deuses não impõe uma série de leis rígidas, mas sim a Responsabilidade de cada um, e transmite um número de valores, ou Virtudes, que devem ser entendidas por cada um de acordo com o seu sentido de Responsabilidade e de percepção da Natureza e das suas Divindades. Chamam-se as Nove Nobres Virtudes, esse conjunto de valores com que os antigos Nórdicos mostravam o seu respeito (por oposição a adoração) pelos seus Deuses. São essas Nove Nobres Virtudes a Coragem, a Verdade, a Honra, a Fidelidade, a Disciplina, a Hospitalidade, o Engenho, a Auto-Confiança e a Perseverança. Todos eles valores há muito perdidos no nosso dia a dia de decadência constante.

O entendimento de cada um destes valores deve ser pessoal, cada indivíduo no seu intímo deverá construir a sua noção de cada um destes valores, e de acordo com a sua Responsabilidade, colocá-los em prática. Não é certamente fácil nos dias de hoje segui-los, mas tal como havia referido anteriormente, o caminho não é necessariamente fácil de percorrer. Apelo a vocês, que conseguiram chegar ao final deste texto, que pensem na melhor forma de colocar estes valores em prática nas vossas vidas, não por respeito aos Deuses Nórdicos obviamente, mas sim por respeito à vossa condição de Homens e Mulheres livres. Não basta criticarmos o mundo em que vivemos, nem o vamos conseguir mudar pelo nosso esforço singular, mas pelo menos podemos ter a nossa consciência tranquila, criar o nosso próprio mundo, um pouco mais perfeito do que aquele em que vivemos, e partilhá-lo com aqueles que pretenderem dele fazer parte.